Compositor: Georges Garvarentz
Em direção às docas, onde o peso e o tédio
Me curvam as costas
Eles chegam, a barriga pesada
De frutas, os navios
Eles vêm do fim do mundo,
Trazendo com eles
Idéias errantes
Nos reflexos do céu azul
De miragens
Atrás de si, uma fragrância apimentada
De países desconhecidos
E eternos verões
Lugares onde se vive quase nu
Pelas praias
Eu que, em toda minha vida,
Não conheci mais do que o céu nórdico
Quero lavar esse cinza,
Mudando de rumo
Leve-me até os confins da terra
Leve-me ao país das maravilhas
Me parece que a pobreza
Seria menos dolorosa quando se está sob o sol
Nos bares, ao cair da tarde,
Com os marinheiros
Quando falamos de garotas e de amor
Um copo na mão
Perco a noção das coisas
E de repente meus pensamentos
Me levam até
Um verão maravilhoso
Sobre a greve
Onde vejo, braços servis,
O amor que, como louco,
Corre diante de mim
E penduro no pescoço
Os meus sonhos
Quando o bar fecha, quando os marinheiros
Se reunem, de volta ao seu rumo
Eu permaneço sonhando, até de manhã
De prontidão no cais
Leve-me até os confins da terra
Leve-me ao país das maravilhas
Me parece que a pobreza
Seria menos dolorosa quando se está sob o sol
Algum belo dia, num raffiot (tipo de embarcação) fissurado,
Do casco à cabine de comando
Para partir trabalharei nos
Depósitos de carvão
Tomando o caminho que me levará
Aos meus sonhos de criança
Nas ilhas distantes
Onde nada mais importa
Além de viver
Onde as garotas esguias
São um deleite ao coração,
Trançados, me disseram,
Seus colares de flores,
Inebriantes
Eu fugiria, deixando meu passado
Sem nenhum remorso,
Sem bagagem e de coração livre
Cantando bem forte
Leve-me até os confins da terra
Leve-me ao país das maravilhas
Me parece que a pobreza
Seria menos dolorosa quando se está sob o sol